
São Francisco do Sul (SC), conhecida pelas praias, o centro histórico e pelo porto considerado um dos mais importantes do país, é também cenário de uma história de fé que atravessa gerações. Com mais de 470 anos de fundação oficial e 520 anos de registros históricos, o município é reconhecido por ser a terceira cidade mais antiga do Brasil. Em 2025, a cidade celebra também o centenário da presença adventista, com eventos marcados por reinaugurações, música, memórias e pelo compromisso renovado com a missão.
Origens no bairro Rocio Grande
A trajetória do movimento adventista na região começou na década de 1920, através do trabalho de Emília Caldeira dos Santos, catarinense alfabetizada pela Bíblia, que iniciou encontros missionários no bairro Rocio Grande.

Em 1925, um total de 21 pessoas foram batizadas através do trabalho iniciado por Emília dos Santos, marco que ficou registrado como o início oficial do adventismo em São Francisco do Sul. Dez anos depois, em 1935, foi inaugurado o primeiro templo no mesmo bairro, acompanhado da Escola Primária Adventista nos fundos da igreja, semente do que mais tarde se tornaria o Colégio Adventista de São Francisco do Sul.

A escola, que nasceu em 1935, enfrentou períodos de paralisação, mas retomou suas atividades em 1951 e cresceu ao longo das décadas. Por isso, em 2025, a unidade celebra 90 anos de existência. Com ampliações estruturais e pedagógicas, o colégio tornou-se uma das mais importantes referências educacionais do município, acompanhando a caminhada da igreja e fortalecendo a presença adventista na região.

Com o crescimento da igreja, foi necessário buscar um novo espaço para a comunidade, e um terreno foi adquirido no centro do município. Em uma obra considerada ousada para a época, em 1963 foram inaugurados o novo templo e o colégio, que permanecem até hoje na Rua Augusto Afonso dos Santos.

Celebração do centenário
O centenário foi celebrado dos dias 22 a 24 de agosto, reunindo membros locais, visitantes e a caravana da Voz da Profecia. A programação contou com um coral que apresentou, em forma de musical, a história da igreja na cidade, além de batismos e a presença de convidados históricos.

Entre os destaques esteve o retorno do quarteto Arautos do Rei, que já havia se apresentado em São Francisco do Sul em 1963, na inauguração do templo no centro da cidade. O púlpito usado na celebração foi o mesmo daquela época, um objeto que testemunhou a história e que a 31ª formação do quarteto fez questão de valorizar ao recriar a foto na mesma pose do registro da primeira formação.

O pastor Gilson Brito, atual orador da Voz da Profecia, destacou a importância do momento: “É uma alegria estar em um lugar como este, onde o quarteto Arautos do Rei também passou ainda na sua primeira formação. É gostoso e diferente dos grandes auditórios, aqui há intimidade, história e proximidade com cada pessoa”.

Aos 93 anos, dona Anália Santos relembrou sua presença em 1963, quando os Arautos cantaram pela primeira vez na cidade: “Hoje celebro novamente, agora com minhas filhas, neta e bisnetos. É uma bênção ver gerações caminhando juntas na fé. Aproveito para deixar uma mensagem aos jovens, que é nunca esquecer de ler a Palavra de Deus”.
Volta às origens
Mesmo com a igreja central localizada no centro da cidade desde 1963, o bairro Rocio Grande continua sendo um ponto de referência histórico para o adventismo local. Atualmente, o grupo da comunidade passa por uma fase de transição e ganhará um novo templo que está em construção.
O pastor Ilton Hübner, diretor financeiro da Associação Norte Catarinense, destacou o caráter estratégico do investimento: “São Francisco do Sul tem relevância cultural e econômica para o estado, e isso justifica os esforços que fazemos para manter a mensagem viva, inclusive aqui no bairro Rocio Grande, onde tudo começou”.

O presidente da Igreja Adventista para as regiões norte e oeste de Santa Catarina, pastor Gerson Santos, reforçou a responsabilidade missionária que envolve a data: “Os pioneiros não projetaram que estaríamos aqui celebrando 100 anos. A missão que recebemos é continuar levando a Palavra de Deus hoje, e não esperar mais um século”, concluiu.








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